Centenário da Grande Guerra 1914-1918

6 A vida nas trincheiras

De modo a enfrentar as condições de vida extremamente dificeis, os soldados são forçados a organizarem  o seu quotidiano nas trincheiras.

Exércitos escondidos nas trincheiras

No início da guerra, para se protegerem, os soldados cavam buracos que, desde o outono de 1914, se tornaram verdadeiras trincheiras cujos percursos aparentemente isolados se ligam uns aos outros, em ziguezague para que os homens possam se dispersar e evitar os tiros das metralhadoras.

As trincheiras alemãs são construídas de forma mais sólida, com betão e chapa de metal, pois as tropas queriam conservar as suas posições. Do lado oposto, as trincheiras são em madeira porque ninguém contava ficar muito tempo por ali.

Ao frio e na lama

A guerra de trincheira é desesperante: no inverno, a temperatura pode descer até -20º, a chuva transforma a terra em lama e os parasitas colam-se ao corpo dos soldados. As condições de higiene são fracas, os soldados lavam-se com a água que corre nas trincheiras e mal podem se barbear.

Uma cozinha muito rudimentar

Para além do frio e de viverem em más condições, os soldados comem pouco e mal. Todos os dias, os “homens da sopa” vão buscar a comida na retaguarda da frente, onde estão instaladas as cantinas. Se inicialmente a comida está quente, com o tempo de percorrer todos os inúmeros corredores da trincheira para chegar aos soldados, esta arrefece completamente. O menu é pouco variado: sopa de arroz ou de ervilha, feijão, caldo…

A vida retoma o seu curso

Apesar das discussões e das dificuldades de higiene, existe um espirito de camaradagem entre os soldados muito forte. Os homens são solidários e procuram por todos os meios melhorar o seu quotidiano. Uma das suas ocupações ficou conhecida como artesanato das trincheiras -com os diferentes materiais que conseguiam recuperar na frente, os soldados construíam todo o tipo de objetos. Às vezes os soldados têm direito a assistir a uma peça de teatro e esquecer assim a guerra. Os ingleses divertem-se a jogar à bola e a organizar alguns espetáculos. Com o tempo, a vida nas trincheiras começa a organizar-se e as licenças para visitar a família amenizam a vida destes soldados.

    Trincheiras: um modo de vida

 

As trincheiras têm um traçado sinuoso para que os soldados consigam evitar os tiros dos inimigos. Na primeira linha encontram-se os postos de observação e onde são posicionadas as carreiras de tiro. Um vasto espaço sem vida, chamado no man’s land , destruído pelos buracos dos obuses  e coberto de arame farpado, separa a trincheira das primeiras linhas inimigas.

Nas linhas mais recuadas estão os postes de comunicação, as reservas de munições, a artilheria, as cozinhas, etc. A guerra de trincheira é desesperante: as condições climatéricas são muito duras, a chuva transforma a terra em lama e os parasitas são uma presença incómoda.

Abaixo a guerra

 

Entre maio e junho de 1917, as revoltas contra esta guerra sucedem-se sob a forma de deserções, manifestações e petições. Os motinados, esgotados pelo esforço da guerra, desobedecem aos seus superiores e gritam: “Abaixo a guerra!”. Estão cansados das ofensivas assassinas e inúteis impostas pelos seus superiores. Na frente da guerra, basta levantar a mão por cima do parapeito, provocando o inimigo para se ser ferido. Outros procuram adoecer, engolindo todo o tipo de produtos, como por exemplo, petróleo. Muitos destes motinados são fuzilados, para dar o exemplo e desencorajar os outros.

 

Viver a todo o custo

Os soldados partilham um objetivo comum: permanecerem vivos. Enquanto se espera alguma alteração longe da frente de guerra, improvisam-se tréguas entre as linhas inimigas. Correndo o risco de serem severamente punidos, alguns preferem desertar ou deixarem-se ferir para serem evacuados. O crime de desobediência é punido com a vida.