Centenário da Grande Guerra 1914-1918

4 As grandes batalhas

Em agosto de 1914, os exércitos das grandes potências europeias precipitam-se para as suas fronteiras e disputam uma forma de guerra que ficou conhecida por “guerra de movimento”. Para a Entente, os acontecimentos da guerra começam mal: tal como aconteceu com os Russos, em Tannenberg, os Franceses são batidos pelos alemães na batalha de fronteiras. O governo francês é obrigado a deixar Paris e recuar até Bordéus.

1914: a França é salva na batalha do Marne

Data: 5 a 12 de setembro 1914

Local: entre Paris e Verdun

Exércitos: Alemanha contra França e Inglaterra

Em setembro de 1914, a situação inverte-se. Para tomar Paris, o exército alemão persegue o exército francês no interior do país, a situação é tão grave que o governo francês decide deslocar-se mais para sul, para Bordéus. De forma completamente inesperada, o general Joffre manda o exército dar a volta e contra atracar. Esta decisão obriga os alemães a recuarem, na célebre batalha do Marne. Pela mesma altura, os russos conhecem alguns sucessos militares. A Entente parece estar a conseguir alcançar a vitória. Mas nada é linear…

Curiosidades: Para transportar os soldados franceses e ingleses e assim reforçar o exército no campo de batalha, o general Gallieni pediu ajuda a todos os taxistas parisienses. Por solidariedade, todos aceitam fazer o transporte dos soldados até à frente de batalha. São “os táxis do Marne”.

Balanço: cerca de 50 000 mortos, vitória dos exércitos franco-inglês.

“Corrida para o mar”

Ao fim de alguns dias, os alemães deixam de recuar e os franceses não conseguem penetrar nas suas linhas. Como o avanço alemão estagnou, os oponentes tentaram flanquear-se continuamente um ao outro por todo o nordeste da França. Esse processo levou as forças de volta às posições costeiras do Mar do Norte, na Bélgica ocidental. Em novembro de 1914, o litoral belga foi alcançado, pondo fim à corrida para o mar. A frente de batalha tem agora 750 km, da costa belga do mar do norte até à Suíça.

 

1915: impasse nas trincheiras

Uma vez estabelecida a frente de batalha, esta manteve-se praticamente inalterável. Para os soldados que vivem nas trincheiras, estes três anos alternam períodos de calma, onde na retaguarda, nas fábricas,  se reforça a artilharia, com ataques violentos e muito mortíferos. De cada vez que algum comando pensa ter descoberto a forma de furar a frente inimiga e com isso ganhar a guerra, esta fracassa sempre. A guerra de trincheiras parece não ter fim.

1916: Verdun e Somme

Em 1916, apesar das tentativas fracassadas dos anos anteriores, os chefes militares continuam a guerra de desgaste. Em França, desencadeiam-se duas grandes batalhas: os alemães atacam os franceses em Verdun, em fevereiro, e são depois atacados pelos ingleses em Somme, em julho.

Batalha de Verdun

Data: de 21 de fevereiro a 19 de dezembro de 1916

Local: Verdun (nordeste da França)

Exércitos: Alemanha contra a França

Principais comandantes: Pétain (França) e Falkenhayn (Alemanha)

Fevereiro de 1916, o general alemão Falkenhayn decide “levar o couro e o cabelo” do exército francês, atacando-o na sua fortaleza em Verdun. Após um violento bombardeamento alemão, a resistência francesa organiza-se e, num espaço de alguns quilómetros quadrados, começa uma batalha de desgaste que durará dez meses.

Curiosidades: Os bombardeamentos são tão fortes e frequentes que as trincheiras desaparecem totalmente. Os homens são obrigados a esconderem-se em buracos improvisados. A “Via sagrada”, única estrada que continua intacta permite o transporte de homens e munições dia e noite.

Balanço: cerca de 306 000 mortos, vitória do exército francês.

 

Batalha de Somme

Data: de 1 de julho a 18 novembro de 1916

Local: Picardia (norte de França)

Exércitos: Alemanha contra a França, Inglaterra, Austrália, Canada, Nova-Zelândia

Principais comandantes: Foch (França), Haigh (Inglaterra), Von Below (Alemanha)

Franceses e ingleses decidem atacar em conjunto o exército alemão em Somme. No entanto, a maioria dos soldados franceses estava a combater em Verdun… Os ingleses em superioridade numérica lançam a ofensiva contra o exército alemão, mas estão mal preparados. A batalha vai durar vários meses sem que ninguém a ganhe.

Curiosidades: Fala-se muitas vezes da batalha de Verdun por ter provocado inúmeras baixas, mas na realidade esta foi mais mortífera. Logo no primeiro dia, os ingleses contavam já com 20 000 homens mortos e 40 000 feridos.

Balanço: vitória indefinida

Apesar das muitas mortes causadas por estas duas batalhas, os resultados não foram decisivos e ninguém saiu vitorioso.

 

1917: “Chemin des dames”

Data: de 16 de abril a 24 de outubro de 1917

Local: Entre Soissons e Reims (norte de França)

Exércitos: Alemanha contra a França

Principais comandantes: Nivelle (França), Ludendorff (Alemanha)

Em 1917, o general Nivelle pensa ter descoberto uma forma de ganhar a guerra e dá novas esperanças aos soldados. “L’heure est venue, confiance, courage et vive la France”, dizia o general aos seus soldados quando iniciou a ofensiva às tropas alemãs, a 16 de abril de 1917, no “Chemin des dames”. Mas o seu plano traduz-se num enorme desastre para o exército francês, a tal ponto que Nivelle adquiriu o cognome de “carniceiro”. Desta vez, até os soldados mais corajosos não suportando mais esta guerra começam a revoltarem-se e recusam voltar a combater. É neste contexto de desobediência coletiva que Pétain, nomeado generalíssimo, substitui Nivelle, a 10 de maio de 1917. Pétain não hesita em mandar fuzilar os mentores desta revolta, mas em contrapartida promete que não voltarão a ser enviados soldados para a frente de combate a troco de nada. Prefere esperar a chegada dos tanques (carros de guerra), uma nova invenção muito aguardada e a entrada dos americanos na guerra.

Balanço: cerca de 200 000 mortos. Vitória alemã.

Com todas estas mudanças, o ano de 1918 será decisivo e verá a guerra chegar ao fim.