O que é o Renascimento?
O Renascimento é um movimento cultural, artístico e científico que se desenvolve na Europa a partir do meio do século XIV (por volta de 1350) até ao fim do século XVI (1600).
Este quadro de Sandro Botticelli chama-se Primavera. Trata-se de uma das obras mais célebres do Renascimento.
História de uma palavra
Em 1568 a palavra Renascimento é mencionada pela primeira vez, num livro de Giorgio Vasari. Este estudioso chama “Renascimento” a corrente artística nascida na cidade de Florença, por volta de 1350. Mais tarde, os historiadores do século XIX, utilizaram este termo para designar o período durante o qual se desenvolveu esta corrente na Europa.
A maioria dos historiadores considera esta época como o modelo perfeito da cultura e da elegância. Ao contrário da Idade Média, considerada uma época sombria e austera. O Renascimento sucede à Idade Média porque é neste momento que foram redescobertos os textos e as tradições da Antiguidade. É como se após dez séculos na ignorância, a Europa renascesse.
Site: | Agrupamento de Escolas de São Gonçalo |
Disciplina: | Biblioteca da EB 2,3 de Freiria |
Livro: | O que é o Renascimento? |
Impresso por: | Visitante |
Data: | Sexta, 22 Novembro 2024, 00:25 |
1 O que é o Renascimento?
O Renascimento é um movimento cultural, artístico e científico que se desenvolve na europa a partir do meio do século XIV (por volta de 1350) até ao fim do século XVI (1600).
Este quadro de Sandro Botticelli chama-se Primavera. Trata-se de uma das obras mais célebres do Renascimento.
História de uma palavra
Em 1568 a palavra Renascimento é mencionada pela primeira vez, num livro de Giorgio Vasari. Este estudioso chama “Renascimento” a corrente artística nascida na cidade de Florença, por volta de 1350. Mais tarde, os historiadores do século XIX, utilizaram este termo para designar o período durante o qual se desenvolveu esta corrente na Europa.
A maioria dos historiadores considera esta época como o modelo perfeito da cultura e da elegância. Ao contrário da Idade Média, considerada uma época sombria e austera. O Renascimento sucede à Idade Média porque é neste momento que foram redescobertos os textos e as tradições da Antiguidade. É como se após dez séculos na ignorância, a Europa renascesse.
2 A redescoberta da Antiguidade
Após um período de cerca de mil anos chamada Idade Média, os pensadores redescobrem os textos da Antiguidade e desenvolvem uma nova corrente de pensamento, o Humanismo.
Este fresco pintado por Raphael representa os maiores pensadores da Antiguidade (Platão, Sócrates, Pitágoras e Ptolomeu…)
Idade Média, predomínio da fé cristã
No século V da nossa era, o Império Romano está enfraquecido e ameaçado por todo o lado, pelos povos vindos do Norte e a Este. Em 476 com o declínio do Império Romano, estes povos denominados de “Bárbaros” instalam-se nas diferentes províncias. É o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. Pouco a pouco, as cidades romanas são abandonadas. A religião cristã ocupa um lugar cada vez mais importante na vida das populações e a igreja assume-se como guardiã do conhecimento.
Novo olhar sobre a Antiguidade
Durante o século XIV e XV, alguns eruditos como Petrarca (1304-1374) e Marsile Ficin (1433-1499), começam a interessar-se pelos velhos textos escritos pelos seus antepassados gregos e romanos, dos quais raramente se ouvia falar. Descobriram então ideias e pensamentos que tinham sido postos de lado ao longo de cerca de mil anos e que lhes interessavam muito. Platão foi o pensador redescoberto que mais sucesso fez no Renascimento.
O Homem no centro do pensamento
Numa Europa em que os textos e as obras de arte estavam essencialmente centradas no estudo e glorificação de Deus, a redescoberta dos autores da Antiguidade vem mexer com tudo o que se acreditava: e se Deus não é o centro do universo? E se o estudo do Homem também fosse pertinente? E se o pensamento humano fosse mais importante que a palavra divina? Eis as questões dos eruditos do Renascimento.
Desenvolve-se então uma nova corrente de pensamento chamada Humanismo e que coloca o Homem no centro das suas preocupações.
A Academia neoplatónica, grupo de pensadores de entre os quais pertencem Jean Pic de la Mirandole e Laurent de Médicis, presta homenagem ao filósofo grego Platão.
3 A redescoberta da Antiguidade na arte
A redescoberta da Antiguidade influencia também os pintores e escultores, que vão abandonando os temas religiosos para darem uma espreitadela na mitologia greco-romana:
Felizes por terem sido redescobertos, ei-los que começaram a falar. Reconheces estes quadros?
Ah! Que felicidade de me ver pintada por Botticelli, um dos grandes pintores do Renascimento. Eu, Vénus, deusa romana do amor, sinto-me a renascer…
Quadro 1:Como é bela esta mulher! Espero que por debaixo deste disfarce de cisne, eu, Zeus, consiga seduzi-la.
Quadro 2:
Desculpem estar de costas voltadas, foi o pintor Raphael que me pediu para olhar para trás. Nós somos as três graças, filhas de Zeus.
Eu sou Bacus, e o escultor Miguel-Ângelo quis representar-me num estado de maior ousadia.
4 Miguel-Ângelo
Miguel Ângelo
Criança prodígio
Miguel Ângelo nasceu a 6 de Março de 1475, em Caprese, Itália, e com apenas 13 anos começa a trabalhar como aprendiz no ateliê de Domenico Ghirlandaio, o melhor artista de Florença. Miguel Ângelo inicia-se em várias técnicas, como o fresco e aperfeiçoa o seu desenho à mão, copiando algumas obras de artistas florentinos. Conta-se que terá surpreendido o seu próprio mestre com os seus dotes precoces, ao corrigir um dos seus desenhos.
Florença, a cidade vedeta do Renascimento
No final do século XV existem inúmeros ateliês em Florença. Esta cidade está no centro de uma profunda remodelação numa nova forma de arte que começa a impor-se e a que chamamos Renascimento.
Pouco tempo depois, abandona o ateliê e começa a trabalhar sob a protecção do príncipe Lorenzo, o Magnifico. Este pertence à famosa família Medici que detinha, na altura, o comando da cidade.
Lorenzo colecciona sumptuosas obras de arte, é poeta, vive no seu belo palácio florentino da via Larga (que tu poderás um dia visitar), rodeado de poetas, de filósofos e de artistas.
Encontro entre os dois amantes da arte
A alguns passos do seu palácio, no seu jardim, Lorenzo de Medici reuniu as suas esculturas antigas para que os artistas mais talentosos possam admirar, desenhar e copiar, pois a Antiguidade constitui uma forte fonte de inspiração. Miguel Ângelo esculpiu uma cabeça de um animal a sorrir. Lorenzo admira a obra deste jovem de 14 anos e propõe levá-lo para o seu palácio. Miguel-Ângelo passará a conviver com os poetas mais reputados e filósofos florentinos. Não poderia ter melhor ambiente para aprofundar os seus conhecimentos.
Uma Pietà para o embaixador de França
Mas, em 1492, Lorenzo morre. Florença é agitada por graves perturbações políticas que levam à queda da família Medici. Por esta altura, 1492, Miguel Ângelo decide aceitar um convite vindo de Roma, de um coleccionador desejoso de o conhecer, o Cardeal Raffaelle Riario. O jovem artista ficará sob a sua protecção e em 1499 recebe a sua primeira encomenda, uma Pietá (representação da virgem com o corpo morto de Jesus no colo) para o embaixador de França, em Roma. Esta obra provocará a admiração de todos.
De regresso a Florença
De regresso a Florença no ano seguinte, Miguel-Ângelo encontra-se sem braços a medir perante tantas encomendas. A situação política da cidade melhorou significativamente e o novo governo florentino encomenda-lhe uma estátua de David, o herói bíblico, que o artista irá esculpir num bloco de mármore com mais de 5 metros de altura. Que desafio!
O seu David será colocado na famosa Piazza della Signoria, em frente ao Palácio Vecchio, para encher de orgulho todos os habitantes.
Para decorar a sala do Palácio Vecchio, recebe a encomenda de um imenso fresco que deverá celebrar uma ilustre vitória militar florentina, a Batalha de Cascina.
Um feitio difícil
Miguel-Ângelo não concluirá nunca este fresco. O novo Papa pede-lhe que faça um túmulo gigantesco para ser colocado na Basílica de S. Pedro, e chama-o para vir a Roma.
Mas o artista tem mau feitio e não suporta a interferência do Papa no seu projecto, regressa a Florença. Após uma série de cartas do Papa às autoridades locais e a ameaça de um incidente diplomático, o artista é obrigado a regressar a Roma.
A Capela Sistina, um grande desafio
Graças ao Papa Júlio II, Roma torna-se o centro artístico mais importante do século XVI, superando Florença. O Papa está rodeado de artistas famosos, como Rafael. A Miguel-Ângelo é-lhe confiada a decoração do tecto da Capela Sistina, tarefa que o artista aceita contrariado, pois ele é um escultor e não um pintor.
Em apenas 4 anos, de 1508 a 1512, consegue pintar o tecto da Capela, um desafio que agrada muito ao Papa Júlio II. O resultado é uma das maiores obras-primas da humanidade.
Um artista ao serviço dos Papas
Os Papas do Renascimento são mecenas e coleccionadores de obras de arte muito importantes. Após a morte de Júlio II, em 1513, Miguel-Ângelo continua a trabalhar para os seus sucessores. Com o fresco do Juízo Final fica completa a decoração da Capela Sistina.
A morte de um gigante
Apesar da idade, mantém-se activo até aos últimos dias da sua vida. Morre em Roma, em 1564, deixando para a posterioridade obras mundialmente famosas, sem nunca ter conseguido acabar o túmulo do Papa Júlio II, como tanto desejava.
Com ele apagou-se um génio do Renascimento, ora escultor, desenhador, pintor e poeta que influenciou gerações inteiras de artistas.
Fonte:
Corrain, Lucia (2003). Rafael, o Renascimento, Colecção “Os grandes mestres da arte”, Matosinhos: Quidnovi
Merlo, Cláudio (1999). Três mestres do Renascimento, Lisboa: Caminho
“Michel-Ange géant de la Renaissance”, Le Petit-Léonard, Paris,nº154, pp 16-25
5 A revolução de Gutenberg
As ideias humanistas do Renascimento circulam cada vez mais depressa graças a uma grande invenção: a gráfica.
O gigante Gargântua, pai de Pantagruel, é uma das personagens principais na obra de Rabelais (1494-1553).
Manuscritos VS livros impressos
Até ao século XV, eram precisas inúmeras horas para se produzir um só livro, pois cada exemplar era copiado à mão, frequentemente pelos monges. Os manuscritos (nome dado aos livros escritos à mão) eram raros e quase não saiam dos mosteiros. Assim, quando Gutenberg aperfeiçoa a sua gráfica, em 1450, dá-se uma verdadeira revolução. Graças à gráfica, os livros podem ser produzidos em grandes quantidades e a um preço acessível, permitindo o acesso a muitas pessoas.
O sucesso das línguas populares
Paralelamente à invenção da gráfica, os sábios que só se interessavam pelo grego e o latim, começam a interessar-se pelas línguas ditas populares, faladas pelas pessoas comuns. Por exemplo, o escritor Maquiavel redige a sua obra O Príncipe, em italiano, o monge Lutero traduz a Bíblia para o alemão e o dramaturgo Shakespeare escreve as suas peças de teatro em inglês. Em França, sete poetas reunidos sob o nome “Plêiade” têm como objetivo defender a língua francesa.
A literatura faz o seu Renascimento
Entre os escritores franceses do século XVI, destacam-se:
- Pierre de Ronsard, considerado o “Príncipe dos poetas”, autor de uma grande epopeia sobre a história do reino francês intitulada “La Franciade”;
- Joachim du Bellay, outro poeta, autor de poemas amorosos;
- Michel de Montaigne, que dedica a sua vida à escrita dos seus “Essais”, obra na qual é descrito o homem em geral;
- François Rabelais, grande humanista cuja obra (Pantagruel e Gargântua) denuncia os excessos demasiado severos na educação ou a ignorância dos monges
6 E de repente o mundo ficou maior
No século XV, os progressos técnicos na navegação abrem novos horizontes: os marinheiros podem ir ainda mais longe e descobrir terras até então desconhecidas para os Europeus.
Cristóvão Colombo e seus homens são recebidos pelos habitantes da Ilha Hispaniola (Haiti).
Novas invenções
No início do século XV, um novo tipo de barco é inventado, mais rápido e mais ligeiro que os seus antepassados: a caravela. Graças a um sistema de leme que a tornam mais fácil de manobrar e um casco mais alto que lhe permite enfrentar ondas mais altas, a caravela é o tipo de embarcação ideal para partir em viagem de exploração.
A navegação é também aperfeiçoada com a invenção de instrumentos de medida como a bussola, o astrolábio ou ainda o portulano (carta naval marítima).
Em busca de terras desconhecidas
Os progressos técnicos acima mencionados facilitaram as expedições marítimas e os marinheiros puderam ir ainda mais longe. Alguns procuram as rotas comerciais para a Índia, China e Japão, de onde trazem as especiarias, a seda ou o algodão. Outros pretendem descobrir novos territórios e encontrar riquezas. É neste intuito que, no século XV, os portugueses, os espanhóis e depois os ingleses, os franceses e holandeses se lançam em inúmeras expedições marítimas.
O mundo tem novas fronteiras
Em 1497-1498, Vasco da Gama (navegando pelos reis portugueses) consegue, pela primeira vez, contornar o continente africano pelo Sul e chegar à Ásia. Em 1492, Cristóvão Colombo (navegando pelos reis espanhóis) descobre o continente americano, pensando que tinha chegado à Índia por Oeste. Seguem-se outras viagens no século XVI, nomeadamente para a América.
Neste mapa de 1570, os contornos de África estão perfeitamente desenhados, o que não se verifica com o continente americano.
Estas expedições permitem aos europeus terem uma visão mais completa do mundo e ainda de se confrontarem com povos desconhecidos e cuja cultura era muito diferente.
Nascimento da Europa:
Na Idade Média, os sábios já sabiam que viviam num continente diferente da África e da Ásia, mas foi com o Renascimento que a palavra “Europa” entra na linguagem corrente. Graças aos progressos da cartografia, as fronteiras tornam-se mais definidas.
7 A ciência faz-se através da experiência
No domínio das ciências, os eruditos do Renascimento são muito curiosos! Desejosos de verificar as teorias enunciadas pelos seus antepassados, dedicam-se a realizar múltiplas experiências.
Leonardo da Vinci desenhou planos de máquinas voadoras, observando o movimento de asas dos pássaros.
Necessidade de provas
Para explicar os fenómenos naturais e físicos, os humanistas já não querem confiar cegamente nos textos antigos cuja veracidade ainda ninguém testara. Os humanistas acreditam que todas as teorias devem ser testadas, verificadas. Por esse motivo, os estudiosos desta época realizam experiências, analisam os resultados através da logica e de provas matemáticas.
Um passo em frente
Esta nova maneira de encarar a ciência, baseada na observação, abre inúmeras hipóteses de pesquisa. Leonardo da Vinci inspira-se no estudo do batimento de asas nas aves para imaginar uma máquina voadora. Galileu inventou o relógio de pendulo e o telescópio.
Uma época perigosa
Todos estes cientistas que se entregam às suas experiências e defendem novas teorias correm grandes riscos, pois muitas das suas ideias não são bem vistas / aceites pelos homens da igreja. Vejamos o caso da astronomia: há vários séculos que a igreja defendia que o sol e a lua giravam em torno da Terra. Ora, em 1543, o astrónomo polaco Copérnico publicou um tratado no qual afirmava que a Terra girava em torno dela, mas também que é ela que gira em torno do sol e não o inverso. Estas afirmações contradizem os textos da Bíblia e a ideia de que o homem e Deus são o centro do universo… A igreja condenou as teorias de Copérnico e proibiu a circulação do seu livro.
Em 1632, Galileu foi condenado pela Igreja por ter defendido as teorias de Copérnico. Hoje, sabemos que é a Terra que gira à volta do Sol: Copérnico e Galileu tinham razão.
8 Ventos de reforma na religião
Também na religião se sente o vento da mudança. Não satisfeito em constatar que a Igreja católica não seguia os ensinamentos da Bíblia, Lutero e os seus companheiros pretendem reformula-la.
Este retrato de Lutero foi pintado pelo pintor protestante, alemão, Lucas Cranach, o velho.
A Igreja abusa do seu poder
Na Europa, no século XVI, a grande maioria dos homens e mulheres crê em Deus e respeita os ensinamentos da Igreja cristã. Mas alguns homens da Igreja, aproveitaram as suas riquezas, deixaram-se tentar pelo luxo, vivem como príncipes e imiscuem-se nos assuntos políticos, o que é contrário às recomendações cristãs. Ora, com a divulgação da Bíblia em grande quantidade e a sua tradução do latim, muitos podem lê-la e perceber o quanto a Igreja se afastou dos seus fundamentos.
Lutero reage…
Alguns cristãos sentem necessidade de protestar contra esta situação, reformando a Igreja. Na Alemanha, o jovem monge Lutero decide reagir: em 1517, publica um texto intitulado 95 teses na qual denunciava os abusos da Igreja. Quando o Papa Leão X se apercebeu que estas ideias estavam a atrair muitas pessoas, este aconselhou Lutero a rever os seus atos. Como Lutero se recusou a abandonar a sua reforma, o Papa excomungou-o e a todos os seus seguidores.
… e muitos seguiram-no
Lutero e os que o seguiam criam uma corrente distinta da Igreja católica, chamada Reforma protestante. Católicos e protestantes são todos cristãos. Ambos creem em Deus, mas as suas práticas diferem. Lutero, seguido por outros reformadores (Calvino, Thomas Muntzer, philipp Melanchthon…) difundem as ideias da Reforma na Alemanha, Escandinávia, Países Bálticos, Suíça e França. Entre ambas as fações sucedem-se violentos combates, sobretudo em França, onde se defrontaram durante mais de trinta anos: são as guerras religiosas.
Caso da Inglaterra:
A Igreja inglesa também se separa do Papa, mas por motivos políticos: o rei Henrique VIII (1509-1547) decide deixar de reconhecer a autoridade do Papa, pois este recusou-se a conceder-lhe o divórcio com Catarina de Aragão. Henrique VIII decide criar a sua própria Igreja, a Igreja anglicana, que mais tarde se juntará ao protestantismo.
9 Lutero
Lutero
Nada parecia prever que Lutero, nascido em 1483 na pequena aldeia de Eisleben, Saxónia, fosse tornar-se um monge. Mas um dia, quando ainda era estudante de direito na Universidade, Lutero é surpreendido por um violento temporal que irá mudar a sua vida e a história na Europa.
Aterrorizado pelos relâmpagos, Lutero promete a Sant’ana que se sobreviver a esta tempestade tornar-se-á monge! A calma regressou e ele manteve a sua promessa: entra, então, no convento dos agostinianos contra a vontade do seu pai que desejava outro destino para o filho. Mas Lutero persiste e inicia-se no estudo da Teologia (a ciência de Deus).
Em 1512 conclui o curso de Teologia e inicia a carreira de professor em Wittenberg.
Contra as indulgências
Nesta época, a Igreja Católica vendia “cartas de indulgência” que permitiam apagar os pecados, garantindo assim a entrada no paraíso. Muitos aproveitaram para enriquecer de forma desonesta e a corrupção aumentou consideravelmente. Lutero detesta as indulgências: para ele só a fé em Deus pode libertar os homens dos seus pecados. Para dar a conhecer as suas ideias, afixa, nas portas do Castelo de Wittenberg, as 95 teses onde denúncia o abuso da Igreja Católica e proclama una reforma religiosa.
Inimigo nº 1 do Papa
Em Roma, o Papa Leão X está furioso! Mas Lutero recusa renunciar às suas ideias.
Em resposta, o Papa decide excomungar Lutero e ele é proscrito. Felizmente, este beneficia da protecção de Frederico III, que o esconde no castelo de Wartburg com o falso nome de Jorge. É durante este período de reclusão que Lutero inicia a tradução da Bíblia para o alemão, tendo tido uma ampla divulgação.
Graças ao sucesso da imprensa, que divulgou os seus escritos por todo o povo alemão, muitos converteram-se ao protestantismo, a nova religião que irá dividir a Igreja.
Lutero morre em 1546, na cidade natal de Eisleben.
10 Nos campos de batalha
O renascimento cultural vivido durante o Renascimento faz esquecer que este período foi também marcado por guerras incessantes entre os diferentes países da Europa.
Quem se bate contra quem?
No final do século XV e início do século XVI, a Itália está em permanente guerra, no seio das suas cidades ou com as tropas francesas de Carlos VIII, Luís XII e Francisco I. No decorrer do século XVI, Francisco I irá entrar em conflito com o rei de Espanha pelo domínio da Itália. O rei de Inglaterra, Henrique VIII, alia-se às várias fações do combate, consoante os seus interesses. Enfim, em França, entre 1562 e 1598, católicos e protestantes confrontam-se em uma guerra impiedosa.
Uma nova tática
Ao lado dos nobres, que servem o exército em nome do rei, surgem os profissionais da guerra: os mercenários.
As tropas organizam-se para implementarem uma tática militar baseada na infantaria (soldados a pé), artilheria (canhões) e cavalaria (soldados a cavalo).
A maior parte dos soldados do Renascimento estão equipados com uma lança. Com as suas lanças estão aptos a enfrentar uma carga de cavalaria.
Estratégias de defesa
Para evitar a destruição dos castelos pelos tiros dos canhões, os engenheiros aperfeiçoam os sistemas de fortificação. O objetivo é aguentar o máximo possível um cerco inimigo: as muralhas descem de tamanho e são reforçadas por fortes torres.
Texto traduzido da revista Histoire Junior, nº32, juillet-août 2014